8.10.09

TANKA – LVII



a dor de repente
de pasmo fez-se mutismo
no olhar (já ausente)
a indiferença das pedras
quando se invertem os abismos



5.10.09

HAIKU – LXXI



teus olhos : dois seios

redondos e nus de espanto
teus seios : dois olhos



1.10.09

HAIKU – LXX (mais para um haicai)



quando custa caro

a intenção de oferecer
não nos custa nada



29.9.09

HAIKU – LXIX



na folha no chão

inda resta um derradeiro
laivo de verão



HAIKU – LXVIII



nas manhãs de outono

o dia nasce das brumas
é o fim do meu sono



27.9.09

TANKA – LVI



pedra milenar

do esgar de gárgulas fez-
se fé vertical
medra sob as espirais
do vôo igual dos rapaces



24.9.09

HAIKU – LXVII



vereda de acácias

sob o céu brando do outono
luz de ouro e de aço



22.9.09

Um HAIKU de Pedro Xisto



precoce abandono

de folhas ao sol e ao solo
recolhe-as o outono



"caminho" pág. 17 Berlendis & Vertecchia Editores, Rio de Janeiro

21.9.09

HAIKU – LXVI



início do outono

almoçam ainda as marmotas
mas tontas de sono



20.9.09

HAIKU – LXV



sopra o vento sul

nas bandeiras de orações
só caules se curvam



18.9.09

HAIKU – LXIV



a lua de agosto

flutua clara no céu
como um claro rosto



17.9.09

HAIKU – LXIII



roseiral veloz

que me entra pelos olhos
me deixa sem voz



16.9.09

HAIKU – LXII (quase um haicai)



à mesa com outros

todo silencio de alguém
exige respostas



15.9.09

HAIKU - LXI



velho cemitério

sopram os ventos do outono
e outra folha cai



8.9.09

HAIKU – LX



preces entre pedras

sopram sons e vagalumes
nas águas do Rhône



HAIKU – LVIX



vento nas cortinas

fria mão fecha o quimono
vem mais cedo o outono



6.9.09

HAIKU – LVIII



entre nós na rua

eclipsam-se sol e lua
em um mesmo olhar



HAIKU – LVII



luminosa nuvem

de abelhinhas invisíveis
chove o arco-íris



27.8.09

TANKA – LV



em águas carentes

o murmúrio das vontades
geram tudo surdo
só eriçam a superfície
quando o nada vai ao fundo



HAIKU – LVI



todas essas estrêlas

a boiar em tua sopa
acendem os teus olhos